quarta-feira, 29 de abril de 2015

Engenharia Aeroespacial da UFMG

  As equipes do Aviação Hoje Notícias e do Plane Spotter BH tiveram o privilégio de visitar, no dia 17 de Abril de 2015, as instalações da Escola de Engenharia Aeroespacial da UFMG. De início registramos nossos agradecimentos ao André Advíncula, que nos guiou pelas instalações sanando todas as dúvidas a respeito do que víamos ali, e a todos os presentes que nos receberam de forma amistosa e cordial.
Imagem aérea do prédio. Fonte: Google Earth

  Assim que chegamos fomos dirigidos por André até à entrada do prédio onde foi feito um "Briefing" da história do curso de Engenharia Aeroespacial na UFMG e de seus fundadores, que precisaram burlar o governo da ditadura, criando o curso com outro nome, pois engenharia aeronáutica era considerada uma área de estratégia militar.
Após as devidas apresentações nos dirigimos à sala de construção de protótipos para competição, onde conhecemos os alunos da equipe "Uai, Sô! Fly!!!", trabalhando na montagem do trabalho atual (que obviamente não pôde ser registrado), e também um pouco de como se iniciam os trabalhos na engenharia aeronáutica.
 Bandeira da equipe " Uai, Sô! Fly!!! "

Pessoal trabalhando no projeto para competição de 2015. Foto: Luiz Gimenes

  A equipe, desde seu nascimento em 1999, competiu em todas edições da SAE, foi 4 vezes campeã Brasileira, cujo campeonato acontece na cidade de São José dos Campos. O protótipo abaixo foi vencedor na competição.
Fotos gentilmente cedidas por André Advíncula Osório, um dos alunos campeões.

Já no campeonato mundial, que acontece na costa leste dos Estados Unidos, a equipe é tri-campeã mundial e uma vez vice-campeã.
Troféus e Certificados

Troféu da conquista da "SAE"

Após conhecer a sala de projetos da equipe fomos para entrada de um "sonho", se assim posso descrever, pois entramos na parte onde os projetos em tamanho real são feitos. A maçaneta da porta de entrada, com um desenho de aeronave em prata com o fundo escuro, já denuncia de forma proposital o Laboratório de Engenharia Aeronáutica.
Foto: Gustavo Andrade

O laboratório visto por trás do vidro no CPD 
  
Logo na entrada uma fuselagem toda em fibra de vidro, chamou a atenção por ser uma estrutura inteiriça, e simples em sua forma. Embora ainda "cru", o projeto em desenvolvimento, do Professor Cláudio Barros, chamou a atenção pela condição de célula única.
Fuselagem em Fibra de Vidro - Foto: Henrique Celso

 No lado oposto do laboratório um "VANT" (Veículo Aéreo não Tripulado), construído pela equipe da faculdade, fez brilhar os nossos olhos. O projeto, que demandou muito tempo por parte dos envolvidos, obteve um grande êxito nas várias tarefas executadas de maneira prática e sem complicações. Um dos trabalhos que pode ser feito pelo "VANT" é o mapeamento de Terreno.
O "VANT" possui propulsão de apenas um motor a hélice. Foto: Henrique Celso

  Ali também se encontravam algumas "asas voadoras" que também são drones, mas de estruturas em formato de asas com pequenos motores e câmera, e a mesma finalidade do "VANT", porém bem menores. As asas são adaptadas pelos alunos da UFMG, supervisionados pelos professores, para que tenham melhor sustentação dentre outros fatores físicos que contribuem ao voo.
Alguns "Drones" da UFMG

  Outro projeto que chamou a atenção no laboratório foi uma aeronave que está sendo construída pela equipe: um projeto de Joseph Kovacs, húngaro naturalizado brasileiro e projetista de renome no ramo. Dentre os principais trabalhos de Kovacs está o projeto do Tucano da Embraer.
A aeronave em questão é toda feita em madeira e inteiriça, possui uma estrutura interna de tubos metálicos e lembra o formato de um Extra300, mesmo não estando pronta ainda.
O mais recente projeto de Joseph Kovacs - Foto: Luiz Gimenes

A aeronave já tem instalado o belo motor Lycoming de seis cilindros. As asas e demais componentes também já se encontram no Laboratório.

Visão lateral do motor

As carenagens do motor e o tanque de combustível são em fibra de vidro proporcionando leveza à aeronave. O objetivo dos estudantes e professores envolvidos é terminar a aeronave até ao final deste ano.
 Carenagens de cobertura do Motor - Fotos: Henrique Celso

 Estrutura do trem de pouso principal - Foto: Henrique Celso

Conjunto de 3 pás de hélice do projeto de Kovacs - Foto: Henrique Celso

Os projetos desenvolvidos no Laboratório têm a grande maioria de suas partes fabricadas lá mesmo, pelos alunos envolvidos, começando pelos moldes criados para produzir as peças projetadas, cujo trabalho é viabilizado por tornos mecânicos computadorizados e pelas mãos dos alunos que, a cada ação, se tornam mais experientes.
Moldes de fuselagem

Carenagens de roda do trem de pouso em construção e já construída

Seguimos com nossa visita pelo prédio e, na saída do Laboratório, um quadro da equipe "Team Bonhomme 55", que participa das corridas aéreas da Red Bull Air Race, chamou a atenção. A placa tem seu motivo de estar ali, pois o professor de Engenharia Aeroespacial da UFMG, Paulo Iscold, é o responsável pelas alterações aerodinâmicas da aeronave, necessárias ao inicio de cada temporada do evento, e pela adequação do plano de voo para cumprir as manobras exigidas na competição, com o objetivo de tornar a aeronave mais rápida e ágil.

Quadro da equipe "Team Bonhomme 55" que muito orgulha o pessoal da UFMG.

  O professor Paulo Iscold, ainda como aluno do Curso de Engenharia Aeroespacial da UFMG, em 1999, projetou um avião que quebrou quatro recordes mundiais e recebeu o batismo de CEA-308.
O CEA-308 exposto no prédio da Reitoria da UFMG em 2007 - Foto: Luiz Gimenes

O então aluno, Paulo Iscold, para o seu trabalho de graduação, aceitou o desafio proposto pelo professor Cláudio Barros, e projetou a aeronave, custeada pelos dois e pelo piloto Gunar Halboth. Os recordes foram atestados por dois representantes da FAI-Federação Aeronáutica Internacional.
Hoje a aeronave está sem as asas no prédio dos túneis de vento da UFMG - Foto: Luiz Gimenes

E, para orgulhar ainda mais o nosso Estado, um novo projeto já está em fase de testes para quebrar novos recordes. Trata-se do CEA-311, cujo nome de bastimo, "Anequim", foi inspirado no grande tubarão branco.
A aeronave, também projetada e construída pelo engenheiro e professor Paulo Iscold e uma equipe de estudantes da UFMG, já está voando em testes na cidade de Divinópolis.
A aeronave é movida por um motor Lycoming, de quatro cilindros, modificado pela Sky Dynamics, que já alcançou 210 nós. Segundo Iscold, o próximo passo de sua equipe será conquistar, definitivamente, o status de avião de quatro cilindros mais rápido do mundo. Para chegar a este conceito, a aeronave terá de cruzar o céu a 260 nós.
O elegante CEA-311 no céu de Divinópolis. Foto: Raphael Brescia

Seguindo na visita pela UFMG, fomos até ao prédio onde se encontram os túneis de vento da faculdade. O maior e mais moderno está logo na entrada do laboratório, um enorme túnel de vento de fabricação Alemã. Nos foi explicado que nele são feitos testes aerodinâmicos, em protótipos de projetos, para ver como se comportam em situações de voo, claro que em escala menor.
Através da simulação no túnel de vento, alunos e professores podem avaliar as forças aerodinâmicas, que atuam sobre o protótipo em escala reduzida. Durante os testes é observada cada reação do projeto em velocidades diferentes. Essa simulação é o mais próximo que se pode chegar para testes do voo real.
O túnel de vento alemão da UFMG é o segundo maior do Brasil.
O moderno túnel de vento da Engenharia Aeronáutica - Foto: Luiz Gimenes

O primeiro túnel de vento da Escola de Engenharia Aeronáutica - Foto: Luiz Gimenes


Considerações finais:
esta visita nos fez refletir sobre como é complexo a construção de uma aeronave; como é complexo o estudo de cada componente diretamente relacionado ao voo.

Nos fez pensar também no potencial da inteligência humana para a infinidade de detalhes que permeiam o sucesso de um projeto aeronáutico.

Serviu também para alimentar ainda mais a nossa admiração sobre as pessoas que respiram aviação; que vivem um ambiente de criação e constante aprimoramento, suplantando os próprios projetos e os próprios recordes.

E, finalmente, avivar a chama desta mineiridade que corre em nossas veias.