sábado, 10 de março de 2018

GESTÃO AEROPORTUÁRIA NO BRASIL

  A BH Airport promoveu um workshop para apresentar dois cursos de MBA que serão ministrados nas dependências do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, através de uma parceria entre a Empresa, a Faculdade Educacional Lucas Machado (Feluma) e o CTCEA.

   O evento ocorreu dia 7 de março no auditório do Linx Hotel e os participantes foram recebidos com um "café de boas vindas", generoso e de bom gosto.

 Partindo da premissa de que "aeroporto não tem fronteiras" e da responsabilidade social que o mesmo pode ter com o seu entorno, a BH Airport cria condições para atuar também na área do ensino superior, oferecendo os cursos de MBA em Gestão Aeroportuária e MBA em Gestão de Empresa Aérea, cujo público alvo são entusiastas da aviação, administradores, engenheiros, pilotos, gestores e profissionais do setor em busca de ascensão na carreira.
  Todavia, o workshop proporcionou uma gama de informações e conhecimentos sobre a aviação em geral, através do conteúdo apresentado pelos palestrantes aos convidados e participantes que lotaram o auditório.

 APRESENTAÇÃO 
  Marcus Vinicius Dinelli Gonçalves, coordenador dos cursos, abriu o evento falando sobre a Feluma, instituição filantrópica fundada na década de 1970; pessoa jurídica de direito privado; tendo como finalidade geral o desenvolvimento e a manutenção de atividades educacionais, saúde, assistência social e pesquisa no campo das ciências exatas, humanas e biológicas
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  Em 2017 criou uma Unidade na cidade de Lagoa Santa para cursos de Graduação Tecnológica e Manutenção de Aeronaves.
   Desenvolto e abandonando o protocolo, Marcus Dinelli falou sobre a Faculdade e a importância de se implantar cursos de tal envergadura no sítio aeroportuário, realizando um antigo sonho de integrar a Academia com a realidade prática no dia a dia de um aeroporto.

 SECRETARIA DE AVIAÇÃO CIVIL 
  Fabiana Todesco, Diretora do Departamento de Planejamento da Secretaria de Aviação Civil, iniciou sua palestra dizendo-se feliz em constatar o sucesso do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, através da parceria por concessão, com a BH Airport.
 Em seguida explanou e passeou por diversos temas da aviação, pormenorizando a atuação desta autarquia no cenário da aviação brasileira, que consiste na elaboração de obras públicas, coordenação governamental, planos de outorga e gestão do Fundo Nacional da Aviação Civil (FNAC).
  Este Fundo foi criado com a missão de fomentar o desenvolvimento do sistema nacional de aviação civil, cujas ações prioritárias são manutenção e aprimoramento da infraestrutura aeronáutica e aeroportuária públicas.
 Os recursos financeiros são oriundos da receita de outorga recolhida pelos concessionários dos aeroportos VCP, GRU, CNF, GIG, BSB e NAT, além de receitas auferidas com o Adicional sobre Tarifa Aeroportuária, Tarifa de Embarque Internacional e recursos próprios de rendimento em aplicações financeiras.

Alguns dados e informações interessantes:


Fabiana Todesco falou também dos desafios existentes e a serem vencidos em um país de dimensões continentais como o nosso:
> mais de 40 milhões de brasileiros (21% da população) não possuem acesso a um aeroporto com menos de 100 km de distância de sua residência;
> Vôos regionais são 31% mais caros que vôos entre capitais devido à baixa oferta de rotas;
> atualmente as rotas estritamente regionais somam menos de 1% dos assentos ofertados;
> as rotas entre aeroportos regionais e de capitais totalizam apenas 18% dos assentos oferecidos.

   BH Airport   
  Adriano Pinho, Diretor-presidente da BH Airport, fez uma dissertação objetiva e elucidativa sobre a gestão de um aeroporto concessionado e as interações necessárias ao sucesso do empreendimento.
"Pensar fora da caixa" foi uma das frases ditas pelo Diretor-presidente, que nos faz compreender melhor o olhar da Empresa para o entorno do aeroporto e suas ações tomadas a efeito, começando pela valorização da cultura e dos produtos mineiros, trazendo-os para dentro do aeroporto, criando novos postos de trabalho e contribuindo para a cadeia de serviços.
Indo além, enfatizou a importância da concessão ao demonstrar que quando a iniciativa privada assume, os resultados aparecem em tempo rápido.
  Exemplificando ele citou a ponte Rio/Niterói, que correu sérios riscos de desabamento quando a natureza oferecia ventos de 60km/h, provocando oscilação de até 1,5m, quando o previsto e projetado era de apenas 60cm. Com a concessão da ponte esta passou por criterioso processo de reestruturação para suportar os reveses meteorológicos.
  Adriano Pinho fez uma analogia interessante para definir o modelo de  concessão, comparando-o com uma aeronave em voo, ou seja, além de comando, precisa também de política pública e de asas que a sustente.
  No caso do Aeroporto Tancredo Neves a BH Airport se viu na necessidade de assumir obras não concluídas por empresas licitadas pela Infraero, a fim de concluir a reforma do aeroporto no tempo previsto. A não conclusão de obras pela Infraero também aconteceu em outros 10 aeroportos do país.
 A gestão aeroportuária não estabelece competição entre aeroportos e a entende como sendo prerrogativa do estado, estado este que deve estabelecer políticas fiscais atrativas para as empresas aéreas. Os aeroportos cuidam de viabilizar conectividade e infraestrutura para sustentação do empreendimento.
  A BH Airport vem, desde o início da concessão, cumprindo seus objetivos e oferecendo ao usuário um aeroporto a cada dia mais moderno e prazeroso. Prova disso é o reconhecimento pela ACI World (Airports Council International) como o aeroporto que mais evoluiu na prestação de serviços em 2017 na América Latina, conectando Belo Horizonte a mais de 40 destinos nacionais e internacionais, sendo o terceiro maior em quantidade de destinos.
   Pinho também citou o esforço em continuar oferecendo melhorias que possam fazer diferença positiva durante o tempo de permanência do passageiro no aeroporto, seja no embarque, no desembarque ou no aguardo de conexão.

  Ao final de sua palestra Adriano Pinho citou a necessidade de melhoria na mobilidade urbana, fator este que influi significativamente na escolha do aeródromo pelo transportador aéreo de carga e também pelo seu cliente.
  O cliente contrata o transporte aéreo pela rapidez do processo. Todavia, se do aeroporto ao ponto final de destino o transporte se torna demorado, certamente o cliente procura outro aeroporto, mesmo que em outra cidade, para estabelecer o seu negócio. Com isso perde o Aeroporto, perde o Estado (que deixa de arrecadar impostos), perde a comunidade do entorno e da região onde se localiza o aeroporto, pois postos de trabalho deixam de ser criados.

   Mesa redonda   
   Após a eloquente e elucidativa explanação de Adriano Pinho foi realizada uma "mesa redonda" para discussão dos temas abordados e eventuais perguntas dos participantes, todas elas respondidas e esclarecidas.
  Depois de encerrada esta seção, a BH Airport convidou os presentes para o almoço servido no restaurante do hotel, cuja comida, diga-se de passagem, muito saborosa e de bom gosto, além de um balcão de sobremesas supimpa.



Segunda parte do Workshop

     ABEAR     
   A Associação Brasileira de Empresas Aéreas se fez representar pelo Consultor Técnico William Alencar, que expos um vídeo institucional sobre a Associação, esclarecendo que a "Entidade foi criada em 2012 pelas empresas Avianca, Azul, Gol, Latam e Trip, com a finalidade de elevar o padrão de atendimento aéreo, unificando a voz das empresas junto aos órgãos reguladores".
  É uma Unidade de comunicação, promoção e relacionamento do setor aéreo, que, por meio de comitês formados pelas empresas associadas, são construídos os programas de trabalho.
 Entre todos um dos mais relevantes é o apoio ao Programa Brasileiro de Doação e Transporte de Órgãos, ao qual as empresas associadas tem fundamental importância desde o ano de 2001.
  Além de contribuir para o fortalecimento de toda a cadeia produtiva da aviação, a Entidade atua em constante relacionamento junto aos setores público e privado, entidade de classe e consumidores.
   A criação da ABEAR se deu a partir de um estudo da Fundação Dom Cabral, a pedido do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias em 2011.

     CISCEA     
  A Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA)  foi representada pelo Coronel Aviador Álvaro Wolnei Guimarães, que discorreu sobre as funções da FAB.
  Foi apresentado um fluxograma com a ordem de organização da gestão aeroportuária e com a ordem de organização da gestão de infraestrutura da navegação aérea (Ministério da Defesa, Secretaria de Aviação, Portos e Aeroportos, DECEA). Também foi apresentado o Artigo 25 do Código Brasileiro de Aeronáutica, que constitui infra-estrutura aeronáutica o conjunto de órgãos, instalações ou estruturas terrestres de apoio à navegação aérea, para promover-lhe a segurança, regularidade e eficiência.
  O Coronel dissertou também sobre o gerenciamento de tráfego aéreo e os programas utilizados para tal, entre eles o AMAN (Arrival Management), SIGMA (Sistema Integrado de Movimentos Aéreos) e o TATIC (TWR e FLOW).
  CINDACTAS: o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo possui quatro unidades, que são: CINDACTA 1 (Brasília), CINDACTA 2 (Curitiba), CINDACTA 3 (Recife) e CINDACTA 4 (Manaus). Cada CINDACTA controla a região de espaço aéreo em que fica localizado.
Exemplo: o CINDACTA 1 controla a região sudeste e a cidade de Brasília.
  SRPV-SP: Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo é a unidade regionalizada do DECEA, responsável pela área de maior densidade de fluxo de tráfego aéreo do Brasil. Sediado no Aeroporto de Congonhas, o SRPV-SP é responsável pelo gerenciamento das terminais de São Paulo e Rio de Janeiro.
  FIR: Região de Informação de Voo, onde se presta o serviço de informação de voo e alerta.

     CTCEA     
   A Organização Brasileira Para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Controle do Espaço Aéreo, é parceira da Feluma e da BH Airport e foi representada pelo Coronel Aviador R1 João Batista Oliveira Xavier, que falou sobre sua criação e as suas funções, como o funcionamento do Sistema de Proteção ao Voo, sua segurança e eficiência no fluxo de tráfego aéreo.
  Apresentou as áreas de conhecimento do CTCEA: engenharia de sistemas, projetos de infraestrutura civil de telecomunicações, criação e atualização de planos diretores de aeroportos.
  Para ilustrar a importância de um plano diretor de aeroporto o Coronel citou o exemplo do Aeroporto Internacional de Guarulhos, cujo plano diretor inicial foi realizado há aproximadamente trinta anos atrás, e que ainda prevê obras para daqui a vinte anos.

   L&C Consultoria   
  A empresa L&C Consultoria, Projetos e Engenharia compareceu na pessoa de seu Diretor-presidente, André Costa, que abordou o tema Importância na Elaboração de Projetos na Gestão Aeroportuária.
  André explicou as definições de aeroporto e aeródromo, citando a constituição física de cada um, com ênfase na do aeroporto. Explanou sobre os conceitos de infraestrutura aeronáutica (suporte e navegação) e infraestrutura aeroportuária (suporte à existência do aeroporto), definições de pátio e pista, bem como os ramos da engenharia Aeronáutica, Civil, Elétrica, Mecânica e Ambiental.
Foram também apresentados dois estudos para a criação de um novo aeroporto (fictício e apenas para entendimento do processo de implantação) em que foram estudados a viabilidade, localidade, ventos e operacionalidade do mesmo.
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  Depois da palestra de André Costa outra "mesa redonda" foi realizada para dirimir dúvidas e responder perguntas dos convidados, sobre os assuntos abordados e sobre os cursos que serão ministrados, para então a realização do Coquetel de Encerramento coroando de êxito o Workshop.

   SOBRE OS CURSOS   
   Os cursos de MBA em Gestão Aeroportuária e Gestão de Empresa Aérea, procuram formar profissionais capazes de melhorar o desempenho operacional e a rentabilidade do negócio por meio de uma gestão especializada e eficiente. As aulas têm conteúdos focados em inovação, negociação, empreendedorismo, liderança e comunicação, sempre buscando o desenvolvimento pessoal e profissional dos alunos.
   A carga horária é de 428 horas. As aulas serão ministradas em um final de semana (sexta, sábado e domingo) por mês e o local das mesmas é no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte.

 Para informações mais detalhadas sobre os cursos, você pode acessar faculdade.feluma.edu.brou ligar (31) 3248-7217, ou ainda utilizar-se do e-mail posgraduacao@feluma.org.br.

   Finalizando   
   A BH Airport mais uma vez surpreende positivamente. Ao receber os cursos de MBA ela alia o conhecimento teórico à atividade prática in loco, tornando o conteúdo didático muito mais fácil de ser absorvido pelo candidato.
  
   Colaborador   
Este artigo contou com a colaboração do amigo e Spotter Rafael Baêta.
Texto e fotos: Luiz Gimenes