O Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, exerce um fascínio todo especial aos amantes da aviação, por permitir a observação de aeronaves na cabeceira "02R", a poucos metros da pista, na via de acesso à Escola Naval.
No dia 16 de janeiro de 2016 aconteceu o "4º Spotter Day Santos Dumont", evento que teria a participação da equipe deste Blog e de outros amigos.
Infelizmente as condições meteorológicas fecharam CNF nesta data e a maioria dos voos foi cancelada, impedindo a nossa participação no evento, que aconteceu como uma confraternização entre os participantes, marca dos encontros aéreos da Cidade Maravilhosa.
Mas a Equipe do Aviação Hoje Notícias não se fez de rogada e remarcou as passagens para o sábado seguinte, dia 23 de janeiro. Gustavo Andrade embarcou no JJ3753. Luiz Gimenes e Mario Carvalho foram no voo Azul AD2550, cumprido pelo ERJ-195 PR-AXS, com a pintura comemorativa de 100 milhões de passageiros, relatado neste artigo.
Chegamos em CNF às 05:50 com o dia ainda escuro e, check-in já feito eletronicamente, nos dirigimos imediatamente à sala de embarque no segundo piso do Terminal, a tempo de observar a chegada da aeronave no gate 02.
O embarque aconteceu às 06:30 e às 06:40 ouvimos o aviso de "embarque encerrado". O push back aconteceu às 06:44. Dois minutos depois o táxi para a pista 16, que durou 4 minutos e cinquenta e oito segundos. No ponto de espera aguardamos o pouso do 737 da Copa Airlines e um 195 também da Azul.
Às 06:59 o Cmte. Manganelli aplicou potência aos motores do 195, cujo peso total no momento era de 41.654 quilos, sendo 6050 de combustível e o ERJ correu 34 segundos antes de deixar o solo de CNF.
O "Espírito Azul" subiu célere e suavemente varando a camada. Antes de alcançarmos o cruzeiro no FL 300, foi realizado o serviço de bordo, pela simpática equipe que já cumprira CNF/NAT/CNF.
Alcançamos a altitude de cruzeiro, voando em Mach .68 sem nenhuma instabilidade e experimentamos um voo absolutamente tranquilo.
Às 07:20, após 21 minutos de voo, sentiu-se o início do procedimento de descida. Alguns minutos depois, em assento delta foi possível observar o Oceano Atlântico ofuscado pela presença de nuvens. Acreditamos que o procedimento para pouso tenha sido o "RNAV (GNSS) Z RWY 02R", segundo a carta de app para SDU pesquisada por Mario Carvalho.
Após contornar o internacionalmente famoso Pão de Açúcar, já avistamos a Escola Naval e o Aeroporto Santos Dumont, sob o nublado céu de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Com manobras precisas e seguras, o competente Cmte. Manganelli alinhou a aeronave ao eixo da pista 02R na curta final, tocando o solo às 07:51, em um pouso liso como poucas vezes experimentamos em SDU.
Após seis minutos de táxi a aeronave estacionou junto ao finger 7. O corte dos motores se deu às 07:57.
Antes de desembarcar foi possível registrar as comissárias e comissário que, apesar da longa jornada, conservavam o sorriso e nos dispensaram o atendimento que justifica o título de "Blue Angels".
E também não poderia faltar a foto do Comandante Manganelli e Copila Brum, de inquestionável profissionalismo, que atenderam a nossa equipe com solicitude e alegria nos olhos.
O desembarque em SDU, através de finger, proporciona uma visão que justifica o status de mais belo aeroporto do Brasil. O terminal conta com oito fingers e pela imagem não é possível ter ideia do seu real tamanho. Além das oito pontes SDU conta também com treze posições remotas.
Após desembarcar nos dirigimos à cabeceira 02R, local onde aconteceu o evento no sábado anterior, para uma seção de fotos e acompanhar os pousos de um ângulo que só SDU proporciona.
UMA PINCELADA NA ORIGEM
Antes de mostrar algumas imagens feitas na 02R, um pouquinho da história do primeiro aeroporto civil do nosso país.
As obras para a construção do aeroporto se iniciaram no ano de 1934, em terreno cedido pela Prefeitura ao Ministério da Viação e Obras Públicas, na área do Calabouço, local onde atracavam os hidroaviões de rotas nacionais e internacionais.
Para a construção do aeroporto o Aterro do Calabouço precisou ser ampliado e recebeu a construção de uma muralha para contenção e lançamento de mais de dois milhões e setecentos mil metros cúbicos de areia na área tomada do mar.
Durante as obras os hidroaviões operavam normalmente. Antes de ser concluído, quando a pista atingiu quatrocentos metros, o aeroporto já recebia pequenas aeronaves. Em 1936, quando alcançou setecentos metros, foi aberto para aparelhos de maior porte, sendo finalmente inaugurado. Hoje a pista 2R/20L tem 1.323 metros (4.341ft).
O antigo prédio do aeroporto, utilizado como terminal de desembarque é tombado pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural.
Em 2007 foi inaugurado o atual e moderno terminal de embarque, cujo projeto é do arquiteto Sérgio Jardim, em material verde transparente que possibilita a visão total da Baía de Guanabara, Pão de Açúcar e da ponte Rio-Niterói.
(fonte de pesquisa: Infraero)
Feito o breve histórico, vamos a algumas imagens produzidas na "02R":
Por volta de 11h o anfitrião Alessandro Esch nos conduziu ao GIG, para nos mostrar alguns pontos de spotting. Mas é uma outra história para ser contada em matéria futura.
O RETORNO
Como mineiro também não perde avião, às 14:30 embarcamos no ônibus para o SDU, embora o nosso embarque para CNF só aconteceria às 16:40. Esta antecipação salvou o dia. Enfrentamos um enorme congestionamento em razão de uma obra do VLT, que fez a viagem de 40 minutos levar uma hora e trinta e cinco minutos. Após uma boa caminhada entre o ponto de desembarque do ônibus e a sala de embarque de SDU, chegamos ao gate "R12" às 16:20.
Às 16:50 fomos conduzidos em traslado para a posição remota onde se encontrava o PR-AXV batizado como "Espírito de União", simbolizando a união entre TRIP e AZUL.
Ocupamos os nossos assentos às 17h e aguardamos uma Van que trouxe ainda mais 8 passageiros. O aviso de "check de portas" foi ouvido às 17:22.
O trator empurrou a aeronave abastecida com quatro mil e seiscentos quilos de combustível, e peso total de 41.984 quilos para a taxiway, às 17:29.
Depois de apenas três minutos a aeronave já se encontrava no ponto de retenção para decolagem na pista "20L".
Aguardamos a decolagem de um E-JET 190 e o pouso de um A-319 da Avianca para atravessar a "20R" e alinhar na "20L".
Às 17:42 o Cmte. Dreilich aplicou potência aos dois GE CF34-10E do AXV que correu 27 segundos...
...para abandonar o solo fluminense e imediatamente iniciar uma curva para a esquerda, cuja inclinação proporciona uma bela visão.
Alguns segundos depois o comandante fez a diferença, chamando a atenção dos passageiros para a visão privilegiada de alguns pontos em solo. Me fez lembrar dos "tempos românticos" da aviação no Brasil, quando os comandantes efetuavam um voo panorâmico antes do pouso em SDU e alertavam os passageiros para os monumentos e pontos turísticos do Rio de Janeiro.
Experimentamos uma leve instabilidade ao atingirmos 1900 ft, mas nada relevante. Ainda em processo de subida foi realizado o serviço de bordo pelas Blue Angels Thaís, Taísa e Aline, com a peculiar solicitude de profissionais que gostam do que fazem.
Alcançamos o nível 330 com mach .79 e Sat -38. Logo nos deparamos com muitas formações que proporcionaram algumas belas imagens e outras nem tanto...
Às 18:03 iniciou-se o procedimento de descida. Aos 20000 ft, às 18:10 atravessamos uma área de instabilidade que durou alguns minutos, mas nada que pudesse acarretar maiores desconfortos. Depois, já na aproximação para pouso também uma pequena instabilidade.
Todavia, o pouso realizado pelo Cmte. Dreilich fez esquecer qualquer possível desconforto. Assim como em SDU, o pouso em CNF foi algo que nos impele a elogiar os Comandantes e entender o que é o "nível de excelência" que as empresas perseguem.
Como desembarcamos em posição remota, não foi possível registrar as comissárias, pois atrasaríamos a partida do ônibus. Mas houve tempo para fotografar o Comandante Dreilich e o Copila Matschinske que tornaram o nosso voo ainda mais agradável.
CONSIDERAÇÕES
Uma viagem aérea, por si só, já é um grande prazer para quem gosta minimamente de aviação. Voar em condições meteorológicas variáveis, pode permitir acompanhar movimentos de correção nas asas, para aqueles que entendem um pouquinho de aviões e estejam em assentos com esta visão.
Visitar a "02R" de SDU é um momento muito, mas muito prazeroso, em razão da situação geográfica do aeroporto que exige aproximações ditadas pela natureza e seu humor meteorológico, propiciando um espetáculo ímpar.
AGRADECIMENTOS
Ao Alessando Esch e Higor Rodrigues que nos receberam em SDU assessorando o nosso passeio. Agradecemos também ao Lucas Conrado Silva que, embora tenhamos nos desencontrado, também se deslocou de sua casa, no dia de seu aniversário, com o intuito de nos recepcionar.
Nossos mais sinceros agradecimentos às tripulações de ida e volta que proporcionaram mais uma feliz experiência de voo.
A LAMENTAR...
Como nem tudo é perfeito, é desconfortável ver o resultado que algumas mineradoras produzem após explorar e até exaurir uma jazida mineral. Pouco ou nada é feito para minorar os impactos causados ao meio ambiente.